ILUMINANDO O FUTURO
a mensagem de um cientista brasileiro ao mundo
ILUMINANDO O FUTURO
a mensagem de um cientista brasileiro ao mundo
por: Renan Schwingel
Pesquisa, parceria, inovação e sustentabilidade: estas palavras não podem faltar no dicionário da Iniciativa Ponto Iluminado, que começou como projeto de extensão no curso de Engenharia Elétrica do campus da UNESP em Guaratinguetá, cidade paulista do Vale do Paraíba que abriga milhares de sonhos. Um destes sonhadores é Thiago Moraes, hoje pesquisador associado a este departamento da instituição, que há dez anos fundou o ‘Ponto’ e ajudou a tornar o campus um modelo para o país. Da eficiência energética à luta contra a pandemia: seu trabalho desconhece fronteiras e, junto de colegas e professores, faz a diferença rumo a um futuro iluminado. É esta história que a reportagem contará a você, leitor, fazendo uma viagem ao passado, até chegar ao presente, onde a Iniciativa de Thiago se entrelaça com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável propostos pela ONU. A curiosidade do(s) cientista(s) é combustível para o trabalho do repórter e, também, para o aprendizado de quem sonha um mundo melhor.
A Agenda da ONU
imagem: United Nations
Imagem: Nações Unidas Brasil
Um plano de ação para as pessoas, para o planeta e para a prosperidade: assim é descrita a Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU), no documento intitulado Transformando Nosso Mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Prevendo um total de 17 intenções aplicáveis em escala global, o documento afirma o compromisso do órgão em contemplar temas como energia, economia, educação, saneamento e saúde. A emergência da mudança do clima, associada a crescentes demandas de outras áreas da sociedade, norteiam seu teor.
Imagem: Nações Unidas Brasil
A Agenda foi lançada em Nova York, em setembro de 2015. Nomeadas como Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), as intenções divulgadas representam, conforme a página brasileira o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), "um plano de ação global para eliminar a pobreza extrema e a fome, oferecer educação de qualidade ao longo da vida para todos, proteger o planeta e promover sociedades pacíficas e inclusivas até 2030." Para propor formas de concretizar os ODS, há mais de 100 metas específicas, que atendem às pautas tratadas.
O campus da UNESP em Guaratinguetá, no Vale do Paraíba. Imagem: divulgação/UNESP
A Agenda 2030 foi recebida com entusiasmo em diferentes setores da sociedade, entre eles, as universidades. Foi o caso da Faculdade de Engenharia e Ciências (FEG) da Universidade Estadual Paulista (UNESP), em Guaratinguetá, a cerca de 175 quilômetros de São Paulo. Guará, como a cidade é comumente chamada, é o lar de milhares de universitários, em sua maioria vindos de outros municípios do estado. A preocupação da ONU com o futuro do planeta chamou a atenção de estudantes mundo afora, incluindo a de um graduando da instituição. Ele viu nos 17 ODS finalidades capazes de construir um importante elo com o projeto de extensão criado por ele: o Ponto Iluminado.
Um cientista que sonha o futuro
imagem: Renan Schwingel
Thiago foi aprovado no vestibular de Engenharia Elétrica da UNESP, sonho de longa data. Imagem: acervo pessoal/Thiago Moraes
Thiago Matheus Martins de Moraes nasceu em Campinas, em 16 de agosto de 1994. Filho de pais professores, mudou-se para Guaratinguetá após ser aprovado em quinto lugar no vestibular do curso de Engenharia Elétrica. Antes disso, já havia conquistado a aprovação, enquanto cursava o Ensino Médio. Com habilidades em matemática e sendo um ávido leitor sobre energia e meio ambiente, trouxe da cidade natal referências de vida e muito amor à educação pública.
Em 22 de outubro de 2016, sua vida pessoal e estudantil vivenciou um passo que jamais esqueceria: foi inaugurado, em frente à UNESP de Guaratinguetá, o primeiro ponto de ônibus a contar com energia solar fotovoltaica no país, idealizado por Thiago. Iluminar um ponto de ônibus de maneira sustentável foi a primeira de muitas ideias nascidas na mente do estudante nesta etapa de sua trajetória, dando nome e vida ao projeto iniciado dois anos antes. Um novo capítulo da história do 'Ponto' estava só começando, mas a história do projeto já era também a história do jovem.
Na Avenida Doutor Ariberto Pereira da Cunha, estão as entradas da FEG. Por ali, milhares de alunos, professores e servidores passam diariamente.
É também nesta Avenida que, frente com o vaivém dos veículos, um ponto de ônibus iluminado chama a atenção no primeiro dia de gravações para esta reportagem. Para entender sua origem, é preciso voltar a setembro de 2014.
Chegar até o local de estudos vinha sendo um desafio cada vez maior para os discentes, especialmente no período noturno. Os relatos de assaltos e incidentes cada vez mais frequentes levaram Thiago, no primeiro ano de curso, a notar uma relação entre calçadas pouco iluminadas e as ocorrências crescentes.
Transitando pelo local em vários dias da semana, o futuro engenheiro observou a falta de focos de luz ao longo de boa parte da Avenida, responsável por prejudicar até mesmo a espera pelo ônibus. E justamente no olhar atento à espera, estava a possível solução para os desafios.
imagem: Renan Schwingel
Imagem: acervo pessoal/Thiago Moraes
O nome IEEE, lembrado com sorriso no rosto por Thiago, é a sigla para Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos. Sua sede fica em Nova Jersey, nos Estados Unidos, e sua atuação prevê o protagonismo das áreas da engenharia na produção e divulgação da ciência. Atuante no mundo todo, a organização é dividida em ramos, ou seja, unidades que levam seu nome em faculdades de engenharia. Conforme o website da entidade, são mais de 40 ramos espalhados pelo Brasil. Na foto, Thiago participa de evento do IEEE, em 2014.
Um dos primeiros apoiadores e entusiastas da ideia de remodelar e iluminar um ponto de ônibus em frente ao campus foi o professor Rubens Alves Dias. Ao assistir a uma reportagem na televisão, surgiram insights que fariam toda diferença na hora de colocar a mão na massa. Rubens tornou-se o orientador do projeto.
Estudar a implantação de placas fotovoltaicas no ponto de ônibus e, ao mesmo tempo, ajudar na redução da criminalidade: o projeto de extensão tomava forma. Etapa após etapa, o professor orientador, Thiago e voluntários do ramo local do IEEE trocaram experiências e conhecimentos na elaboração de um sistema off-grid para o novo ponto.
Este modelo não requer o uso de uma rede elétrica - no caso do ponto em questão, ele independe da rede elétrica da cidade.
Obras contaram com presença constante do fundador. Imagem: acervo/Ponto Iluminado
Construído a muitas mentes e mãos, o projeto foi o primeiro a contar com esta tecnologia em um ponto de ônibus no país. De cabos e até sacos de cimento, os materiais adquiridos foram custeados, em maior parte, por financiamentos coletivos, rifas e doações de apoiadores externos. Quem também apoiou a ideia foi a Pró-Reitoria de Extensão Universitária e Cultura (PROEX) e a direção da FEG.
O elogio vem da assessora do departamento de Engenharia Elétrica, Luzia Aparecida de Paulo Costa. Compartilhando as dependências do mesmo prédio, não foram poucas as vezes em que ela se deparou com canecas, trufas e outros produtos sendo vendidos para arrecadar fundos e peças para a Iniciativa.
O engajamento
em ação
imagem: acervo/Ponto Iluminado
O ponto de ônibus ainda estava em construção quando a Agenda 2030 foi anunciada. Mas foi em outubro de 2016, na solenidade de sua inauguração, que os ventos sopraram em direções ainda maiores: o projeto criado por Thiago e transformado em realidade a tantas mãos expandiria a atuação, chamando-se Iniciativa Ponto Iluminado. A expansão veio com a adesão aos ODS contidos na Agenda. Agora, o anseio passava a ser na resolução dos novos desafios internos e externos, planejando ações onde um número maior de pessoas participaria.
Ponto de ônibus com tecnologia off-grid marcou nova etapa do projeto. Imagem: acervo pessoal/Thiago Moraes
O assunto do ponto de ônibus inédito no Brasil virou manchete de telejornais no Vale do Paraíba, atraiu emissoras de rádio, revistas e jornais impressos. O nome do projeto, recém-nomeado Iniciativa, alcançou mais esferas da divulgação científica ao ter um artigo publicado pelo IEEE e apresentado na Global Humanitarian Techonology Conference, nos Estados Unidos, ainda em 2016. O sentimento de dever cumprido foi transferido em dados neste artigo, chamado Reducing criminality and saving energy (em português, 'Reduzindo a criminalidade e economizando energia').
Thiago pensou em cinco vertentes para nortear as próximas ações. Complementares entre si, estes princípios refletiram no engajamento de pessoas de outras partes do campus. Muitos o abordavam caminhando pelos corredores, ou nos intervalos de aula e reuniões com o professor orientador. Conforme o website da Iniciativa, as vertentes são:
Geração de Energia Limpa
"Com foco na geração fotovoltaica, a Iniciativa tem como um de seus principais pilares o desenvolvimento, estudo e implementação de sistemas de geração de energia de baixo impacto ambiental."
ODS relacionados: 7 - Energia limpa e acessível e 13 - Ação contra a mudança global do clima
Eficiência Energética
"Eficiência é um valor para a Iniciativa Ponto Iluminado. Através de pesquisas, testes em campo e laboratoriais, este projeto busca sempre as melhores soluções que tragam os maiores benefícios."
ODS relacionados: 7 - Energia limpa e acessível e 13 - Ação contra a mudança global do clima
Gestão de Resíduos
"Como uma Iniciativa de sustentabilidade, esta tem ações que contemplam desde a implementação e modernização de sistemas até o descarte ou reutilização de seus componentes."
ODS relacionados: 11 - Cidades e comunidades sustentáveis e 12 - Consumo e produção responsáveis
Economia de Água
"Através de redução no consumo e sistemas de captação e tratamento de água, a Iniciativa Ponto Iluminado tem uma vertente de atuação voltada para a gestão e preservação dos recursos hídricos."
ODS relacionados: 6 - Água potável e saneamento e 12 - Consumo e produção responsáveis
Educação e Sociedade
"Eficiência é um valor para a Iniciativa Ponto Iluminado. Através de pesquisas, testes em campo e laboratoriais, este projeto busca sempre as melhores soluções que tragam os maiores benefícios."
ODS relacionados: 7 - Energia limpa e acessível e 13 - Ação contra a mudança global do clima
Uma das principais ações executadas após a definição das cinco vertentes foi a modernização no sistema de iluminação do campus. A ideia vai ao encontro da vertente de Eficiência Energética, e ressoa com o sétimo Objetivo de Desenvolvimento Sustentável. Era a primeira vez que o campus da UNESP em Guaratinguetá modernizava seu sistema desde os anos 70. Pouco a pouco, as lâmpadas de descarga de alta pressão das áreas externas da universidade deram lugar a lâmpadas de LED, mais eficientes e econômicas. Isso gerou uma economia estimada em 87% por poste modificado. Em áreas internas, as lâmpadas fluorescentes também foram substituídas, com economia de aproximadamente 45%. Dezenas de voluntários, quase sempre nos finais de semana, tiveram nos caminhos do campus um verdadeiro 'laboratório a céu aberto'. O resultado permanece hoje, exigindo manutenção e cuidado.
imagem: acervo/Ponto Iluminado
E falar em laboratório é sinônimo de realização para Maria Júlia Gulla. Prestes a ter uma prova de instalações elétricas, a estudante de Engenharia Elétrica na instituição e voluntária da Iniciativa, destina alguns minutos de seu tempo para conversar com a reportagem. Ela defende a realização de atividades práticas envolvendo eletricidade, e relata o valor de aprendizados nascidos além das salas.
Substituições de lâmpadas começaram em 2017. Imagem: acervo/Ponto Iluminado
A satisfação pela economia de energia gerada com a troca de luzes segue orgulhando o professor José Feliciano Adami. A imagem de luvas, capacetes e outros equipamentos de proteção usados nesta ação permanece em sua memória, onde também há espaço para lembranças do dia em que aceitou participar da Iniciativa.
O docente já havia ensinado a Thiago a disciplina de Eletromagnestismo, e o convite para participar do Ponto selou uma parceria que acompanha as páginas desta história. Mesmo aposentado desde 2022, Feliciano continua em contato com o ex-aluno, a quem descreve como 'companheiro de empreitada'. Ele atesta que o êxito pode nascer da interdisciplinaridade.
O professor Paulo Valladares Soares, do curso de Engenharia Civil, é outro grande incentivador das vertentes defendidas pelo Ponto desde que foi anunciada a adesão aos ODS. Ele explica como a Iniciativa ganhou espaço em outros departamentos da Faculdade, e assim conquistou mais voluntários para ações como a modernização do sistema.
No andar térreo do mesmo departamento de Paulo, quem desenvolve um trabalho de docência e pesquisa é a professora Isabel Trannin. Ela recebe o repórter relatando que as ações no campus em prol dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável são a primeira coisa abordada em suas aulas da disciplina de Ciências do Ambiente.
Este pertencimento está nas vivências de Henrique Amon de Lima Viveiros. Graduando do último ano em Engenharia Mecânica, pensar na Iniciativa o faz pensar no futuro da Terra. Ao conversar conosco na sala de sua residência, ele relata sobre sua presença frequente na procura por novos voluntários para as ações alinhadas à Agenda 2030. Isso e outros exemplos tornam impossível não concordar que a união de diferentes cursos e idades faz a força, e coloca o engajamento em ação.
Uma obra,
muitas histórias
imagem: acervo/Ponto Iluminado
Paralelo às funções de diretor e projetista da Iniciativa que fundou, Thiago deu continuidade ao ímpeto de estudar e decidiu cursar mestrado em Engenharia Elétrica na FEG, lugar que acolheu seus sonhos. A etapa para tornar-se Mestre começou em 2018, mantendo vivo na mesma mente o compromisso com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e as cinco vertentes do Ponto.
A produção de energia de baixo impacto ambiental virava pauta principal, à medida que uma grande ação sobre isso ia tomando forma: uma Central de Geração Fotovoltaica para o campus. O aumento na eficiência provocado pela troca das lâmpadas vinha transformando a realidade, mas a mudança ainda não estava completa.
O comentário do fundador espelha a preocupação dele e da Agenda 2030 com a questão energética. Ele sabia que, com a instalação de placas solares numa Central, a relação entre energia e a universidade mergulharia em novos avanços. Qualquer pensamento voltado a iluminar o futuro precisava ser, afinal, um pensamento oposto a desperdícios e poluição.
Ana Cristina testemunha a Central na atualidade, ao lado de sua biblioteca. Imagem: Renan Schwingel
Ana Cristina Figueiredo Loureiro é a diretora da Biblioteca da FEG. Antes de entrar em sua sala, é difícil não se impressionar com o tamanho do acervo, mantido em estantes que parecem acompanhar o movimento dos alunos, professores e colaboradores que passam por elas à procura do livro certo para a hora certa. Ela recebe a reportagem com um delicioso café, e transmite logo nas primeiras palavras o apreço pela pauta escolhida.
A diretora testemunhou de perto a soma de esforços de Thiago e equipe para arrecadar fundos, planejar e implantar as placas fotovoltaicas necessárias à Central, vendo seu antes e depois, no terreno que ladeia a Biblioteca. Foi Ana quem deu o primeiro "sim" para o andamento da obra.
Ao contrário do ponto de ônibus, que corresponde a um sistema desacoplado da rede, a Central construída pela Iniciativa orienta-se por um sistema de compensação: a energia gerada nela é imediatamente inserida na rede elétrica do campus e usada ali, reduzindo a quantidade de energia demandada da concessionária, ou seja, da rede elétrica convencional. Outras características que a diferenciam do ponto de ônibus são a forma de monitoramento e proteção. Jeitos diferentes de fazer, porém, com a mesma atenção ao cuidar.
imagem: acervo/Ponto Iluminado
A bibliotecária Pamella Benevides relembra com muito carinho cada fase de construção. Carinho replicado ao falar de outras ações, como o ponto de ônibus onde tudo começou. A janela de sua sala, onde o sol raia com força total no cotidiano de muito empenho, é como um convite a visualizar o resultado da estrutura pensada por Thiago e executada junto a tantos sonhadores.
Entre conversas presenciais e mensagens trocadas via WhatsApp, Pamella foi uma das pessoas que sonharam junto dele e dos voluntários, ajudando e apoiando com informações, conforme a busca por transformar o campus e o planeta ocupava novos espaços e corações.
Fazendo jus ao trabalho empenhado por dezenas de voluntários que já compunham a Iniciativa, a faixa inaugural da Central foi descerrada em 2019. Uma nova era na produção de energia começava no campus, reverberando o sétimo ODS e, com mais intensidade, uma das vertentes da Iniciativa: Geração de Energia Limpa.
Construindo
solidariedade
imagem: acervo/Ponto Iluminado
Março de 2020: é confirmada a primeira morte pelo novo coronavírus em território brasileiro, na cidade de São Paulo. Vitimando pessoas diariamente, a COVID-19 afetou a vida da população nos estudos, locais de trabalho, casas e outros espaços de convívio. Uma das maiores emergências de saúde pública em décadas, este cenário pandêmico dificultou a continuidade de atividades presenciais dentro de salas de aula país afora, dado o risco de propagação da doença em lugares fechados.
Thiago é entrevistado por Renan Schwingel, no telejornal universitário da UFSC, meses de isolamento social. Imagem: acervo/TJ UFSC
Os campi da UNESP em todo estado tiveram as aulas suspensas em 17 de março, sem previsão de retorno. O número de pessoas atingidas pelo vírus crescia, e com ele, incertezas sobre quanto tempo levaria até o fim da pandemia. A negação da ciência ganhou força pelas redes sociais, expondo opiniões contrárias ao uso de máscara e teorias de conspiração sobre as origens e consequências da doença. Em distanciamento social durante os meses que seguiram à suspensão das aulas, Thiago manteve reuniões virtuais, e participou de um hackathon promovido pela NASA e outras instituições, sobre soluções para a COVID-19: ao fim dele, uma invenção estava a caminho.
Hackathon promovido pela NASA reconheceu esforços da Iniciativa na pandemia. Imagem: acervo/Ponto Iluminado
Os testes biológicos não só comprovaram a eficácia do Purificador e Esterilizador de Ar TM³, como também encheram de alegria todos que auxiliaram nos testes biológicos, feitos na Biblioteca e outras partes da FEG. Os voluntários, alguns vindos de outras instituições, usaram seus conhecimentos a favor da saúde e bem-estar, terceiro Objetivo da Agenda 2030. O servidor da FEG, Antônio Rizzato, foi essencial nesta e nas ações anteriores, e rememora a corrida contra o tempo envolvendo o aparelho inventado.
Ferramentas de Rizzato foram usadas na construção do ponto de ônibus e em outros momentos da história da Iniciativa: Imagem: Renan Schwingel
Na oficina de Rizzato, ao lado do Departamento de Engenharia Elétrica, a reportagem se depara com ferramentas cuja quantidade endossa a paixão que ele relata ter pelo seu trabalho. Tamanha paixão dá utilidade às chaves de fenda, serrotes e outras peças guardadas pelas chaves que o sábio profissional carrega em seu bolso. Quando Thiago contraiu o novo coronavírus, durante a quarentena que afetou o calendário acadêmico, ele torceu por sua recuperação.
Futuro
iluminado
imagem: acervo/Ponto Iluminado
Se há um espaço que resume bem o entrelace do Ponto Iluminado e a Agenda 2030, com certeza é o Laboratório de Sustentabilidade e Eficiência Energética. Ao ler esta reportagem, ele se faz presente em muitas das vivências relatadas pelos entrevistados, e é onde o próprio Thiago nos concede sua entrevista.
Laboratório une passado e futuro. Imagem: Renan Schwingel
Fotos, equipamentos de proteção individual, homenagens e, claro, muitas lâmpadas: abrir a porta deste lugar é como viajar no tempo e habitar um pouco de cada pedacinho do legado que o Ponto Iluminado constrói. É no espaço físico do Laboratório que muitos estudantes ganharam e ganham a chance de ir além, fazendo de seus próprios olhos, os olhos que mais acreditam em um mundo sustentável. E eles dão o tom do recado, em agradecimento, enaltecendo o percurso coletivo que torna a FEG um campus-modelo ao país.
E se o Laboratório consegue resumir o que a Iniciativa representa perante a Agenda pensada pela ONU, não é desafiador imaginar a representatividade de levar seu nome ao 2023 IEEE Greentech, Sustainability and Net Zero Policies & Practices Symposium, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. O evento aconteceu em dezembro de 2023, durante a COP28, promovida pela ONU e reunindo lideranças de 195 países.
COP28 coroou esforços sustentáveis. Imagem: acervo/Ponto Iluminado
Os motivos para seguir em frente com a jornada sustentável e inovadora do Ponto Iluminado não pararam por aí. Em junho de 2025, a Iniciativa recebeu o Prêmio Consciência Ambiental. A premiação contempla projetos que cuidam do planeta e, portanto, dão o merecido protagonismo a atos sustentáveis. Em uma noite que reuniu representantes de dezenas de organizações, o pensamento do cientista que ilumina o futuro voltou-se, novamente, às pessoas que permitiram que tudo acontecesse. E é com gratidão a todos que o trabalho segue acontecendo.
Iniciativa foi reconhecida por seus compromissos, ao receber o Prêmio Consciência Ambiental 2025. Imagem: acervo/Ponto Iluminado
Empunhar a bandeira do Brasil na COP28 e receber um prêmio que traz no próprio nome um anseio inerente à Iniciativa: estas são algumas demonstrações do sucesso da adesão aos ODS, feita na inauguração do ponto de ônibus. O intuito de aplicá-los nunca foi perdido. Pelo contrário: ganha novos adeptos na mesma velocidade que os elogios e apoios aumentam. E aqueles que sempre viram e apoiaram a causa 'de dentro para fora' tem muito a dizer.
A apuração da reportagem chega ao fim. Com isso, a câmera do repórter deixa de gravar, mas é apenas um stand by até dar voz ao próximo sonho que nascerá na mente do cientista brasileiro...
Reportagem originalmente produzida como Trabalho de Conclusão de Curso de Jornalismo na Universidade Federal de Santa Catarina, no ano de 2024, sob orientação da Profa. Dra. Rita de Cássia Romeiro Paulino.